sábado, 28 de maio de 2011

Sujei-me com aqueles pingos de vela, procissão interna, de tantos eus que se confundem e desmascaram o meu altar de crenças, sempre me guiando em passos obscuros. A chama ainda existe e eu sempre estou a olhar seus movimentos, as vezes meu respirar é tão forte, ofegante, que quase consigo apaga-la, mas logo tudo se enternece e volta a ser o que era antes. Meu coração pede mais, pede fogueira, pede verdade, pede velocidade, pede transformação, pede amor diferente.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Um silencinho




















Ah não, não preciso disso,
nunca quis, nem sair de casa,
lá as pessoas correm, misturam energias,
enchem a cabeça
informações, informações
tenho preguiça só de ver
mundos noturnos-diurnos,
as cores da cidade grande
a agonia, a agonia...
não quero mais, bebe!
e te empurram a taça de vinho
palavras soltas,
livros, livros, filmes, poesia, cultura, música, letras, fumaças, cabelos, barbas, sorrisos, olhares, cheiros, mãos, abraços, braços.
Sou bicho do mato,
sempre fui, sei ver isso não,
até que é bonitinho
sorriso de ignorância,
pensamentos internos confundindo tudo
e tudo ao mesmo tempo num dá
deu, foi, num foi, sei lá...
Tento ser eu, e gostam
engraçado
ao redor as cabeças expandem
e pulsam, crescem
jogam-jogam, compartilham
observo, guardo pra mim, não sei falar mesmo
ninguem percebe mas a certeza de que sumi dali
me vejo distante, em mim, num canto, balanço
fantasio, nuvens, passarinhos, hortaliças
criança, prelúdio, raiz
- Ei!
-Hum?
-Você não concorda comigo?
Descorda-se na invenção de novo projeto futurístico
não sou do amanhã, sou do agora,
entre mim, minha imaginação, aqui,
quero casa, café, meu livro de agora e o que ele me faz pensar,
Ella Fitzgerald e macunaíma a querer carinho do meu lado...
Chego a conclusões de momentos assim
sou isso talvez por tentar ser isso
esse negócio de sair de mim
é por isso! Junção
absorvendo
o que quero e ponto.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

"As árvores me começam"


"Não tenho pensa,
tenho só árvores ventos."
Manoel de Barros



Me senti árvore sendo arranhada pela serra elétrica, o frio cortou em mim, por dentro, por fora, pelo tempo, não perdi um membro mas deixei marcada a dor de se querer ser árvore.
De infinita sabedoria,
de se segurar nos ventos mais fortes,
de frutos, de sombra, de amores, de lembranças,
de pulsar, de vida longa, de verde, de sobrevivência,
todo um real significado em traços, em pele que arde e não esconde, de tatuagem em mim.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Existe - não é outra coisa quando em sol falam.




Um trecho de sol na varanda, alumia pensamento, faz disparar as letras, o sentido doSons dos raios multidimensionais violetas, borrão na claridade - abstrata - surgindo em frente às palavras, científicos pelinhos sobrevoam o universo, a mão? já tem dono e ela desaparece na sombra suspirando o sonho lúcido, as unhas curtas nos dedos curtos são trotes da genética, felizes cromossomos particulares na linha direta que segue meu olho ao sol, fineza de limites desapropriados da esfinge do progresso em pontos experimentais, des.apaixono em questão de contagem, inversando o verso do verso pra subentender as entrelinhas da claridade.

terça-feira, 17 de maio de 2011

De menina1


Nostalgia em pisos de infância, calor e balanço.

Em noite de lua




















Disco Voador lá em cima
perto da lua
corre em silêncio
espelha em meus olhos
-vidrados-
e sobe e sobe
em uma real cor
de estrela
quase some
desliza
na imensidão negra do céu
entre as outras luzes
que piscam
lua cheia menina
modifica marés
quebrando em minha alma
acredito desacreditando
no frio cortante &
mãos geladas
faz sumir OVNI
no meio do nada
seria eu pequena?
crente de ser cometa?
Mas pode ter sido um balão
ou melhor
sei lá, você então.

E eu só queria tirar meus sapatos!

















Correr contra o tempo, contra os caminhos impostos, de sorriso largo eu canto exageradamente de felicidade quando vejo que estou do outro lado da rua, conseguindo fazer tempo parar, gozando dele, levanto meus braços e percebo o sol, enfrento até arder em meus olhos, corro na grama vendo minha sombra de cabelos bagunçados e tão compridos (mas uma arte do tempo), livre das amarras, solta no descompaço, fora de ritmo, Krishnanda em Pedro Santos me en.canta alguma coisa fazendo mergulhar em mares imaginários, rios de vênus, marte, saturno, surjo e ressurjo em mim, piruetas ao sol,abraço as lembranças de abraços: de pessoas de amores de saudade de carinho de cheiro de passado de felicidade de choro. Desembaraço os cordões multicoloridos pendurados na árvore grotesca e única, flutuo acima de mim, me vejo como estátua ainda com olhar parado no sol, sou eu na copa mais alta, reverenciando e me despedindo de mais um dia, transbordando de amor à vida, brindando a lua que nasce entre as montanhas e ilumina de forma prateada meus pés e meu caminho, sigo em silêncio pra não atormentar os sonhos.

domingo, 15 de maio de 2011

Então,

Talvez eu escreva amanhã sobre hoje,
desalinho
em sons e imagens
haja amanhã
de tanto
pouco
por muito
eu quis agora...

sábado, 14 de maio de 2011

Entradas, portas, portas, e ferpas.

Preciso de cultura, mais idéias, estou atolada numas mesmas palavras e isso não é de hoje, entristeci na entrada de casa quando vi que a porta continuava a mesma, que insisti em falar sobre as mesmas coisas em mais uma noite não-salva em cartuchos de tinta, me fiz chama, fogo, fumaça, subi, sumi, me perdi, te encontrei, ah sei lá, era madrugada de novo e de novo, por tantas imagens já vistas o retrato daquela porta nunca se apagava, como se eu estivesse fadada a ser aquilo, a menina parada em frente da casa, percebendo os detalhes do entalhe da madeira, escrever sobre eles já cansei, fui deles por tanto tempo, me cansa lembrar, de tanto lembrar...

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Preciso de mais uma dose, não assim tão simples, mais forte,
desabafo, meu nome é absolutista. Talvez eu me confunda
na próxima dose, no próximo copo, não se aproxime...

segunda-feira, 9 de maio de 2011

























Desacostuma-se ao calor, e qual o movimento? água.


Supostamente designados ao destino do momento, nada mais.
1,78 de puro sonho
você entre as nuvens e meus cabelos na grama,
sorrisos parecem tiros de festim
abraços parecem mornos como o sol indo embora na tarde mais fria...
Esperança proposta de verdade dita crua
acreditar?
Na maçã vermelha prestes a ser mordida.

sexta-feira, 6 de maio de 2011



Eu quis acordar no meio da frase feita em silêncio, meus olhos viraram serpentes no meio da verdade prestes a ser dita, ouvi sussurros ao pé do ouvido, "fale isso fale aquilo" tudo o que eu queria, muda, silenciosa, atravancando o seu caminho, não falei e fui embora... Sentirei saudades do nosso fim, enfim...



Um perigo
entrar no meio da noite

em silêncio
absoluto

na cidade perdida

das montanhas adormecidas

eu e você
destinado ao agora

e sempre
entre planos secretos
de quem um dia quis fugir,
entre nós perdoados
daquilo que nunca conseguimos ser
"senti saudades de você"
"eu não sei"
reencontro de sonhos
em nós perdidos
abraçados ao tempo
já tão amanhecidos.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Entrelaços de sonos






























Ir até lá
ia
em sons e fantasia
viajar
de pé na pétala
dentro do sopro
acordada no sonho
a ver
o que se pode ser
através de mim
da cor em você
de acreditar
além daqui
um eu distante
por fora
abraçada a nós
em nós
na chuva doce sagrada
que cai
escorre & transforma
te vejo
no inventivo planetário
dono do meu imaginário.
Instante cósmico
sobrevoando o dia
olhos fechados
desacordados do tempo
em espaços gigantes
entre mundos distantes
e abraços eternos.