sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Quem teria sido?

-Paciência Dona Candoca.



*(sempre gostei de livros que começassem com diálogo)



-Paciência Francisca? Já não sei onde enfiei essa tal...



- A senhora vai achar sua medalhinha, lembra que ontem enquanto arrumávamos seu quarto a senhora me mostrou?



- Lembro muito bem, só não lembro do depois.



Candoca saiu do quarto com a esperança de encontrar a medalhinha que fora herdada de sua avó na sala de estar, mas deteve seus passos curtos já cansados de tanto se abaixar para procurar embaixo dos móveis do quarto, voltou e se deitou na cama.



"Por trás daqueles olhos uma imensidão de mar azul, sorrisos de amores platônicos já mortos, corações quebrados de esperanças mal acabadas, sofrimentos, rancores, máguas, um abismo de sentimentalidades profundas de uma vida transbordada e ao mesmo tempo tão perdida de todos seus amores inacabados, um reapareceu em seus sonhos, aquele cujos olhos diziam mais do que qualquer palavra, e como gostavam de se olhar, todos os dias na praça se viam de longe, se sentiam ali e nem precisavam se tocar, colocou seu nome de saudade, um dia ele sumiu foi embora com o vento da praça em pleno outono, saudosa lembrança. Recusou ter família, hoje um pouco arrependida, pois se sentira tão só, "o que teria sido?" se lamentava, mas logo mudava seu pensamento e se conformava de ser assim, "escolhas... " . Quantas vezes mergulhara em seu orgulho se desfazendo facilmente do que um dia lhe fez chorar, estava acostumada a ser assim, ao mesmo tempo que era conformada se via confusa, impostora por fora."





(continua...)