quinta-feira, 31 de março de 2011

É passageira promessa, como de costume.

Então eu tive que falar de novo: é verdade meu bem, pode vir. E foi, em meio a tanta contradição, pela centésima vez você se fez menino e me abraçou. Chegou do nada e sem graça pegou na minha mão. Mas a maior surpresa foi que além de prometer, me fez cair na ilusão, me deixou horas a fio, séculos milenares abraçando a escuridão. Culpado e sem jeito melhorou naquele dia quando cumpriu com a razão. Me vi te vendo além da curva que um dia você se meteu e não voltou, segui seus passos por alguns dias, tentei, confesso que foi em vão.

Promessa de Menino
pode e é quando se quer...
Mesmo.

Já eu nunca prometi assim, pois sei que promessa é mais forte do que palavra solta, não passei de bilhetes jogados em seus bolsos, escritos em noites escancaradas, me fiz prometida, e cumpri , mas não disse nada.

Agora, você morreu em mim, exagerou quando disse aquilo que já não tinha nada a ver e eu perdida no assunto fiz você sumir de vez no momento que decidi partir.

É cíclico, é igual, é tão cansativo, que já está na hora de parar.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Sonho Lúcido (2)

-Não consigo acordar! - Estado de consciência master ultra "devaneioso", meu corpo adormecido na cama olha o que talvez não possa ver, luto contra mim querendo achar um sentido para tudo aquilo, dispara o coração, desaceleração da alma, um minuto passa e parecem que foram horas perdidas, continuo infinitamente amendrontada com medo de não acordar, chego a me deixar levar mas acabo me afundando em pensamentos e tenho medo de realmente abrir meus olhos.. "Pra onde devo ir?" Sonho acordada e não consigo me mexer.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Parte um: O quarto Obsoleto

Despista o sentimento imposto, refaz o melado grosso açucarado já tão grudado na pele, destonifica os olhos impuros de violência, argumenta-se o improvável. Seríamos destinados ao cronológico ou apenas sobreviventes do tempo? Morredores de segundos, nos desfazemos com o pé no chão, cansa num sabe? Jantei carne vermelha, engoli à seco, podre, sujou minhas tripas, minha alma e minha verdade, "descomi" e vomitei tudo sobre o tapete tão imundo de bitas de cigarro. Quis e só quis, enaltecer o presente, apagar o passado e ter planos para o futuro, só quis e quis, como quis, desfiz o fio de minha roupa suja, carcomida pelos insetos e urubus presos a mim, acendi a luz imprópria ou proibida, ardeu em meus olhos que escorriam sangue, o som ensurdecedor fazia meus ouvidos pulsarem, fechei os olhos e tateei o interruptor, apagando a luz que parecia chama.


Parte dois: O quintal de sonhos.

Saí correndo atrás da formiga, o céu parecia o fundo do mar, peixes-aves trafegavam em suas correntes de vento, o sol não mais ardia em meus olhos e aguentei o máximo que pude encarando e deixando ele penetrar em minha pele morena, plantação de hibisco, mastiguei uma pétala - alucinógena - mas sem efeito algum, êxtase na utopia do que é saber viver, confundi passos com tropeços e logo abracei uma árvore, foi imerso, submerso em devaneios estrelares, universais e cardíacos, cardíacos porque pulsavam fortemente de doer, doer de alegria.
De toque em toque
te toco
não é só tato
vai além...
basta um toque
uma mão no rosto,
um carinho nas costas,
daqueles que não passam despercebidos
e nos olhamos.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Encontros com vocês.

Sabe, te esperei me esperando
encontrei o mesmo lugar
intacto
atravessei o olhar
vi nuvens e passarinhos
vi sorrisos e pensamentos
soltos no ar
o vento assanhava meus cabelos
continuei olhando
esperei esperando
a curva da esquina, o outro lado da rua
vultos
cinco de você
assusto e ninguém
todos os dias ainda
e sempre, já estou sentada
logo vou embora, adeus.

Me deparei com uma sombra, parecia furtacor, diferente dos vocês, encostou-se em mim, me surpreendeu pois a mais colorida eu não estava esperando, acaso, destino, acontece e eu acredito em tudo, cuidado.

quarta-feira, 9 de março de 2011

recompor

Amanhece
resquício do que foi e já não é
um passo diante do outro
começa o ano
recomeçar o que ainda estava intacto
respirar
pé na água num pé d´água
cachoeirar
desligar
renovar
sentir o novo
"dessentir" o passado
renascer das cinzas
em plena quarta feira.


domingo, 6 de março de 2011

crê

Sincronia. Semana agitada, gripe, ônibus e otras cositas mas, quarta feira de puro ócio, chuva e mais chuva, segue de um lado para o outro sem saber onde parar, entra em um sebo, gasta uma hora de seu tempo à procura de alguma coisa pra matar a sede, folheia livros antigos que a fazem espirrar, passa os dedos entre eles como se fossem aquelas grades da infância, fecha os olhos e escolhe um, não liga para o título e decide ler Paulo Coelho, nunca fora muito chegada mas de alguma forma tinha de ser aquele, não muito grosso, paga uma merreca e vai para casa com seu imenso guarda-chuva. "Que título estranho" pensa, deita na cama, e abre em uma página qualquer, se surpreende com uma flor seca que cai do livro, analisa e vê que sim "É um hibisco!", hibisco de infância, hibisco de amor de família, hibiscos, hibiscos, saudades, coincidências, fica nostálgica e com mais vontade de ler, passa uma tarde chuvosa lendo aquele livro que falava sobre amor, amar e o sentido de ser amado amando, nunca soubera se deixar levar pelo amor de alguém, daquele cara, nunca levou tão à sério e sempre esteve tão à procura, que não bastava apenas ainda acreditar no príncipe encantado, aquele que aparece magicamente e transforma seu mundo, mas também ser capaz de transformar mundos de simples sapos (sim eles também são príncipes disfarçados) .