quinta-feira, 24 de março de 2011

Parte um: O quarto Obsoleto

Despista o sentimento imposto, refaz o melado grosso açucarado já tão grudado na pele, destonifica os olhos impuros de violência, argumenta-se o improvável. Seríamos destinados ao cronológico ou apenas sobreviventes do tempo? Morredores de segundos, nos desfazemos com o pé no chão, cansa num sabe? Jantei carne vermelha, engoli à seco, podre, sujou minhas tripas, minha alma e minha verdade, "descomi" e vomitei tudo sobre o tapete tão imundo de bitas de cigarro. Quis e só quis, enaltecer o presente, apagar o passado e ter planos para o futuro, só quis e quis, como quis, desfiz o fio de minha roupa suja, carcomida pelos insetos e urubus presos a mim, acendi a luz imprópria ou proibida, ardeu em meus olhos que escorriam sangue, o som ensurdecedor fazia meus ouvidos pulsarem, fechei os olhos e tateei o interruptor, apagando a luz que parecia chama.


Parte dois: O quintal de sonhos.

Saí correndo atrás da formiga, o céu parecia o fundo do mar, peixes-aves trafegavam em suas correntes de vento, o sol não mais ardia em meus olhos e aguentei o máximo que pude encarando e deixando ele penetrar em minha pele morena, plantação de hibisco, mastiguei uma pétala - alucinógena - mas sem efeito algum, êxtase na utopia do que é saber viver, confundi passos com tropeços e logo abracei uma árvore, foi imerso, submerso em devaneios estrelares, universais e cardíacos, cardíacos porque pulsavam fortemente de doer, doer de alegria.

Um comentário:

  1. Corri também, cadarços desamarrados. O telemóvel que apitava, era mais e mais letra que transitava na caixa pensante. Ah, queria ver mais adiante. Tocas as costas , o rosto. Olhar.


    Lugar bom de se visitar!
    (Sempre sempre sempre legal ler voce)

    ResponderExcluir