terça-feira, 7 de junho de 2011

Entre

Abotoei a camisa até o último botão, o frio decidira entrar por todas as frestas da minha roupa, ecoaram mil passos atrás de mim, apressei o meu, soltei meus cabelos e me abracei, o relógio da cidade marcava 3:00 da madrugada -1º C, meu perfume se misturava com os respingos de conhaque na manga e o cheiro do cigarro entranhado em meus dedos, cidade vazia, todos dormindo em suas camas e seus 5 cobertores pesados, a casa parecia mais distante, na rodoviária nem os ratos vinham me olhar, o vento assoprava em meus ouvidos e não eram canções de bar, tropecei uma ou duas vezes, minhas pernas estavam arrepiadas e tremiam, ao redor o silêncio , os segredos de cada casa, a intimidade dos outros por trás de portas bem fechadas, já na rua de casa ele vinha em minha direção, ou foi apenas ilusão, as sombras me enganavam de novo, os postes que em meia fase, abaixei minha cabeça e segui em linha reta, "mais uma vez sozinha por entre as grades, se fosse verão talvez eu estivesse passando a mão por entre elas" pensava, e procurava respostas e inventava poesia, frases, devaneios, loucuras, o caminho de casa, os paralelepidos, as árvores que se mexiam e os pássaros noturnos me fazendo compania. Portão amarelo e segredos escancarados a chave perdida no meio da bolsa, a vontade de nem sei, o chá antes de dormir, a cama fria e a sede de sol.

Um comentário: