quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Ele
Dizia: Pode contar comigo.
Nós sabiamos enquanto ele estava sempre junto
mas alertava: Paciência
Tivemos todas.
A certeza de que,
seu cabelo cheiroso
seu carinho
sua vontade de beber água
estaria sempre ali
Eu, enquanto criança
auge de meus 8 anos
escondida passava por debaixo de sua maca
até chegar no ponto onde seus braços descançavam
o sol parecia nascer ali
na varanda
e de alguma forma
ele sabia de meu esconderijo
falava:Como vai Dona Candoquinha?
Muito bem, obrigada meu querido senhor-eu respondia
e gargalhava
Mais tarde ele me ensinou
sobre musicais
sobre traduzir
sobre aprender
sobre o valor do antigo
sobre prestar atenção
sobre cultura
sobre humildade
sobre nós mesmos
sobre mundos paralelos
sobre poesia
sobre brincar
sobre dormir acordado
sobre acreditar
sobre o que importa
sobre o que não importa
sobre as flores do jardim
sobre o calor de um abraço
sobre o olhar de cada um
sobre esquecer
sobre não se preocupar
sobre o valor de detalhes
sobre doenças
sobre perder
eu sempre soube que perderia
sempre
mas não daquela forma
muito menos tão rápido
sem som de voz, perfume,
dose de whisky com gelos surrupiados,
café e
jornal de manhã antes de ir pra escola
acabou.
Sabe aquele filme que paramos na metade?
terminei de assistir, só que dessa vez tinha legenda,
não teve graça
não teve pausas
não teve explicações
Mas
eu tenho a certeza de tudo hoje
depois de todo esse tempo
depois de tanto chorar
saudade
você está aqui
em tudo ao meu redor
e mais do que nunca
nada pode nos separar
Meu Fernando José
meu avô
meu único e real amor.
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Voce sempre me arrepia, consegui sem tocar nas minhas costas ou passar as mãos no meu cabelo!
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