terça-feira, 19 de outubro de 2010

-Vira! Vira! Vira!- Era o que diziam naquela mesa de bar.

Eu no auge da minha inconsciência descobri na embriaguez o antídoto para meus problemas. Meu suor exalava vodka, minha mente transbordava fome ilimitada, meus olhos não achavam um sentido qualquer. Virei três de uma vez, torta em ambos os sentidos, a vodka escorria pelo canto da boca como se eu não soubesse mais beber no copo, alma pequena, estúpida, longe da gravidade de meus sonhos , acabava ali, na escuridão mórbida de segredos desfeitos aos ventos ou para todos naquela mesa de bar.

-Vira!Vira!Vira!- o quarto copo de vodka envenenava minhas virtudes, me fazendo cambalear ao querer se levantar e tranquilizar o público, seitei-me de novo, abaixei a cabeça, o cheiro da mesa entrava por minhas narinas me fazendo acordar e ver que ainda estava na realidade, sentia passadas de mãos sobre minha cabeça,hipocrisia, queriam ver o meu estrago, alí mesmo abri mão do que era estar sã, pura ousadia.

-Eu quero beber sem culpa dessa chaga maldita, não tenho culpa do meu delírio, Zomba de mim! Zomba de mim! Amar e ser amada era tudo oque eu queria... Sem sossego, inquieta, perdida.

_Vira! Vira! Vira!- O quinto copo de Vodka trincava em meus dentes, olhava ao redor e as pessoas giravam, achavam graça, meus olhos amendoados à procura da salvação, não entendiam.

- Some daqui mau agouro! Some daqui! - Quis profundamente a paz e no entanto os goles que já não sentia escorrer pela garganta me remediavam e me distanciavam de quem não me queria ali.

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