domingo, 1 de dezembro de 2013


Te amo,
no bruto lapidado por flores
no vento-sopro de cheiro, mato
no toque calmo do olhar...

Estava escrito naquele bilhete sobre a mesa de canto, ela lia e relia, enfeitava tal mesa com incensos e margaridas que eram postas na garrafinha verde. A luz não chegava forte ali, deixando sempre o lugarzinho com ar de mistério na penumbra da sala. Não teve coragem de se desfazer do papelzinho que aquele alguém deixara no bolso de sua camisa vermelha, montou um altar com o conjunto de palavras tão cheias de carinho. Desesperada, acendia um incenso e encostava a poltrona na mesa, chorava para adormecer, acordava 3 ou 4 dias depois com as flores já mortas, lia e relia. Apaixonada, abria um vinho chileno, acendia uma vela sobre a mesa, ficava observando a janela semi aberta, esperando moços de chapéus e cravos na lapela, lia e relia, sonhava. Calmamente foi sendo absorvida por tais palavras, engoliram-na de tal forma que não podia haver outros sentidos melhores que aqueles que lhe foi passado. Só pensava em os ser, lia e relia. Passou a procurar entre as fendas mais abstratas compatíveis pensamentos, encontrava alguns que mascaravam a verdade e quase eram em mentira aquilo tão simples que jamais seriam. Certo dia sem esperar aquele alguém lhe trouxe um presente, tudo que haveria de ser dali pra frente, sua companhia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário