quinta-feira, 28 de julho de 2011

O tempo fechou, os raios lá fora pareciam dar chicotadas nas árvores mais altas, eu olhava tudo ao redor, tomadas desligadas, pensamentos vagos, consequência do céu negro que se aproximava e eu tentava não deixar entrar, a janela insistia em abrir com o vento que cortava pela sala e fazia bater as portas, eu ainda não sabia rezar e me sentei no sofá com o manto de retalhos que minha avó me fez, me senti protegida naquele instante, mas os trovões ficavam cada vez mais assustadores, tempestuosos pensamentos tomaram conta quando todas as luzes se apagaram, a vela provisória no canto da sala já estava acesa, procurei focar minha inquietude na dança da chama, em vão, o vento gritava o nervosismo de algum Deus que queria limpar a sujeira lá fora, a chuva chegou grossa e afim de desabar no mundo as lágrimas do que andava vendo, comecei a chorar, nunca estivera tão só, procurei conservar o acreditar que tudo estava bem, mas mais ainda parecia piorar, me perdi e quis andar, ir lá fora, desafiar Deus no seu instante mais revoltoso, saí e a chuva começou a molhar, gotas geladas que pareciam cortar, eu olhava pra cima e me redimia, pedia pra que parasse, estava com muito medo, até que um raio certeiro veio e arrebentou bem no meu coração. Acordei naquela tarde com um susto e um estrondo, olhei a janela, meu coração disparado, uma árvore caída sobre o meu jardim, a chuva fina e meus dois galinhos molhados lá fora, tristes que só vendo.

Um comentário:

  1. um estalo que destrói o sono e traz um sonho real, que às vezes sai lágrimas, outras sussurros, e fica ali, bem ao lado do vazio.

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