terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Derramei a última taça de vinho no carpete da sala, meus pensamentos pairavam entre as paredes brancas, minhas lágrimas estavam agora grudadas e manchavam o carpete bege, fiz meu voto de silêncio e o som me cantava histórias de amores mal resolvidos mais uma vez, o cinzeiro estava transbordando, meu olhos perdidos no lustre e na lâmpada que eu não havia trocado e estava apagada, desprezo meu sem volta, a brisa do mar entrava desgastando minhas peças de aço, minha pele, de uma certa forma seu cheiro me confortava, preenchia meu ego estúpido e problemático, 2 dias sem dormir, e uma lua gritante através da janela, a qual eu nem fazia questão de apreciar. Não sei mais de mim, não sei se devo correr, sair, ou apenas permanecer estatelada na sala triste sem significado ou tão cheia deles que eu já não me desapego, acho que meus olhos estão vermelhos e não chorei, aquele apartamento de uma hora pra outra passou a ser grande, e eu pequena ainda acho que faltam gavetas para esses escritos e pensamentos espalhados, sem motivo e ação a procura de motivação, esqueço o bom senso que um dia aprendi e grito FODA-SE. Saio a procura de ninguém, então coração vazio é isso? Não sofrer por amor, não ter chão ou se apegar a memórias? Bom, ou não, vou, desço as escadas um pouco tonta, dou de cara com aquele vizinho que nunca foi com a minha cara, cara a cara ele me olha repudiando, solta alguma palavra esquisita que eu mesma não estou em condições pra entender e depois falo: oi pra você também (seu filho da puta)penso. Deixo as chaves com o porteiro e falo: é pra não correr o risco de me perder. Atravessar uma rua e chegar à beira-mar de uma forma exitante, exito ao ver a lua e paro no meio da rua vazia, deixo escorrer uma lágrima e me deixo sentir o que eu nem sei mais o que é, vou para a praia e sento na areia, vejo a maré e decido remar de frente, imagino um barco a vela, a lua me guiando, desaparecer, encostar no infinito que meus olhos conseguem enxegar, tem estrela pregada lá, talvez segurar uma e colocar no lugar da lâmpada que está faltando, mar bravo, me perco, não encontro nada, remo a toa, fico no barco a esperar enquanto o vazio se enche de vento. O barco desaparece, volto a mim mesma, encolhida na areia branca, suspiro o cheiro que me conforta, me abraço, me sinto viva ali, as horas passam e nem percebo, finalmente aquietei meu cérebro, não penso em mais nada, esqueço que o mar é bem maior, e navego no mesmo lugar sem saber quando parar.

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