quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Sob Pressão

Não somos católicos. Não decidi entrar naquela igreja por espontânea vontade, muito menos chegar naquela cidade com vontade de rezar. "Já que estamos aqui, vamos entrar, fazer uma oração" , "Certo", nada contra pra falar a verdade, entrei. Esplendor de arquitetura do início do século, imagens, um milhão delas, velhos, cheiro de missa, talvez papel mofado, sentei no banco e juntei as mãos, "há quanto tempo eu não rezava?" Suspirei e tentei fechar os olhos, me senti observada, disse: "Oi Deus" e voltei a abri-los, um altar na minha frente me pedia que eu ajoelhasse, adorasse, e meu coração acelerava rapidamente ao perceber quantos olhos me espreitavam, olhos de santos, todos com tanta ternura e ao mesmo tempo tão donos de mim ali, fiquei aflita, becos escuros dentro daquela igreja, um teto de anjos com suas caras angelicais, tudo tão parado, "Deus, e se eu gritar?" minhas pernas balançavam, meus olhos rodopiavam sem saber por onde começar, um breve: " Deus me perdoe, sou grata amém" e uma escapada pela porta lateral, eu realmente precisava respirar não consegui me concentrar, e quando cheguei lá fora percebi uma árvore gigantesca, já devia ter uns 100 anos, ela balançava lentamente com o vento matinal, cheguei bem próxima a ela e abracei bem forte, aí sim eu fui sentir que Deus estava ali comigo, vivo e sem me repudiar.

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