sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Em contas
Esses números todos, meus postes contados, meus passos, meus fios de cabelo, meus goles de água, as estrelas que posso ver entre as duas pilastras da varanda enquanto deito na rede com um livro cheio de palavras e 458 páginas entreaberto recostado no peito, as 6 árvores da esquina antes de virar e ver as 24 casas coloridas de números absurdos (1957), os sorrisos desdentados que me aparecem no caminho, cinco passarinhos nasceram no quintal, as quatro patas do cachorro, seus infinitos pelos ao redor, meus poros em um constante respirar.Coloca no volume 20, aumenta pro 30, e se os números aparecessem nos ângulos de cada movimento meu? A certeza das exatas do exato momento de agir, em números, o tempo desnecessário come os segundos e anos a casa milésimo de sol andado, como o fogo crepitando na madeira que vira cinza. 3 moedas embaixo da terra pra dar sorte, regra de três, três pulinhos se achar, volta em três a má sorte ou boa, incerteza. Sete pedaços de vidro estilhaçados no chão, um soco no espelho quebrando a imagem daquilo que as horas e todos esses números te fizeram ser nessa idade. 4 estações, doze meses e um susto, segue atropelando os dias pra não ficar de fora, some um dia se perdendo no álcool, desliga a vitrola com as canções já tão antigas. Olha para a palma da mão, cinco curtos dedos, um M implantado de futuros já vividos e tão incertos.
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